TRANSPORTES EM BRASÍLIA: COMO CIRCULAR PELA CAPITAL DO PAÍS

DSCN1608 Foto: Brasília – Tatiana Borges

Sempre que estudei as histórias por trás da criação de Brasília, em 1960, uma das teorias que mais ficaram em minha lembrança é a de que Juscelino Kubitschek queria afastar o centro político do povo para dificultar as manifestações públicas e protestos. Eu escrevia isso nas provas e, pessoalmente, ao visitar a nossa Capital pela primeira vez, tive certeza.  O principal meio de transporte é o carro. Não tem jeito! Caminhar é para quem tem bastante tempo livre, e preparo físico digno de trilhas.

O transporte público seria uma ótima opção, mas ninguém lá sabe usar direito. Além disso, os ônibus não levam você para muitos lugares e, dependendo da quantidade de pessoas no seu grupo, talvez realmente o táxi seja uma opção mais prática e viável.

Passei três dias em Brasíla, hospedada no clássico setor hoteleiro (SHN). Mas, isso apenas significa que você está mais perto dos pontos turísticos.  Compartilho alguns pontos sobre a minha experiência nos diferentes meios:

TÁXI

Não sei se tive sorte, mas os taxistas foram muito educados. Um deles chegou a sair do carro para abrir a porta para eu descer. Para conseguir um táxi, é necessário ir até um dos pontos em que eles ficam parados. Não faça sinal no meio da rua, não funciona. Shopping, hotéis e prédios comerciais sempre possuem pontos específicos sinalizados. Uma ótima opção é usar os aplicativos como 99Taxis e EasyTaxi. Eles chegam no local em que você está rapidinho. Além disso, ao pagar em dinheiro, é possível negociar 10% de desconto no valor. Muitas vezes, os próprios taxistas arredondam para menos as corridas já pensando nisso.  Em pontos turísticos, com a Catedral Metropolitana, se chegar de táxi e não for demorar, o taxista até espera você voltar para iniciar uma nova corrida. Basta pedir.

CARRO

Definitivamente, Brasília foi planejada para carros. As avenidas GIGANTESCAS, especialmente na praça dos Três Poderes impressionam. O que parece perto no mapa, na verdade, não é tão perto assim. Quase não encontramos pedestres nas ruas. Até para ir no supermercado, a caminhada é generosa. Dessa forma, se quiser conhecer os principais pontos em pouco tempo, conte com a ajuda de um carro. No meu caso, tive a sorte de ter uma amiga morando lá, a Rachel. Ela tem o “Chapolin”, que nos levou para o Palácio do Congresso Nacional, Lagoa de Paranoá, Asa Sul, Pontão do Lago Sul, incluindo uma passagem completa pelo Eixo Monumental e retorno ao Aeroporto. Não teria conhecido em um dia inteiro esses lugares, se não fosse dentro do Chapolin. Fato!

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Foto: Dilma não é boba. Ela estacionou o carro dela na porta do Planalto.

BRT

Um dos motivos da viagem para Brasília era visitar a Stefanie, amiga da minha irmã, que tinha acabado de ter o primeiro filho. Ela mora no Gama, uma Cidade Satélite afastada do Plano Piloto (cerca de 30 minutos de carro). Não é possível ir num ônibus só, o táxi sai muito caro e caminhar nem é uma alternativa, né?! Mas, o BRT, inaugurado durante a Copa do Mundo (2014), tinha como proposta facilitar esse trajeto. Fomos até a rodoviária, ponto inicial e final do percurso. A primeira surpresa é que não é possível “comprar uma passagem”. Você tem que ter um cartão estilo “RIOCARD”, que só pode ser adquirido de segunda a sexta-feira e custa R$ 15. A passagem custa R$ 4. E se você é turista? “Pegue um táxi”. Foi a primeira resposta que ouvi na Rodoviária. E se não sou rica? Peça ajuda das pessoas que ficam circulando ali com um cartão e podem passar na catraca para você cobrando apenas o valor da passagem. Encontrei um homem que fazia isso e consegui garantir a ida. E na volta? Descobri que a passagem subterrânea do Gama que dá acesso a plataforma do BRT  sai na pista dos ônibus. Ninguém impede você de circular ali. Poderia ter voltado de graça. Mas, não arrisquei e a Stefanie emprestou o cartão dela. Recarregamos na bilheteria e voltamos. Aliás, um cartão basta. É só passar em catracas diferentes. O ônibus tem ar condicionado e circula no máximo a 60KM/HORA.

ÔNIBUS

Logo que desci do aeroporto, peguei o ônibus executivo (R$ 10), que deixa você na porta dos hotéis do setor hoteleiro e ainda circular por alguns pontos turísticos em horários fixos (intervalos de meia hora). Com mala e sem saber o caminho, achei uma excelente opção. O motorista até anota o nome do hotel em que você está para avisar. Um bom sinal? Essa foi a ÚNICA vez que andei de ônibus. E não foi por falta de tentativas. No hotel, ninguém sabia informar qual ônibus servia para qualquer lugar. Na rua, o mesmo, inclusive se você está em um ponto de ônibus. As pessoas “acham” que o tal ônibus “pode” passar perto do lugar que você quer ir. No Maps do Google? Sempre tinha uma baldeação até o destino final e o valor da passagem ia se multiplicando, claro. Se puder, informe-se antes sobre os itinerários e prepare-se: http://www.dftrans.df.gov.br.

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Foto: Tente achar um calçada! – Tatiana Borges

A PÉ

Não existe calçada em Brasília. Se existe, é tão discreta e pequena que você não vai notar. Os caminhos para pedestres são indicados por um traçado de barro que fica entre o mato verde que divide as pistas dos carros.  Também tem alguns pontos de concreto que devem chamar de “calçada” por lá, mas que você precisa caminhar por um bom tempo até chegar em algum lugar. Em certo momento da sua caminhada, você vai cair no mato ou na via de carros. Não tem jeito. Fui até picada por formigas. Se for arriscar a caminhada, leve tênis.

METRÔ

Eu vi estações de metrô. Mas, funciona para quem mora ou frequenta mais a Asa Sul e arredores específicos. Não usei porque não me levava para nenhum dos pontos turísticos.  A linha começa na Rodoviária do Plano Piloto, segue por  Asa Sul, Parkshopping e Rodoviária Interestadual, Feira do Guará e vai até as cidades de Águas Claras, Taguatinga, Ceilândia e Samambaia.

Até pensei em testar o UBER, mas não vi nenhum carro preto e as poucas pessoas que conversei sobre o assunto em Brasília não conheciam o serviço. De qualquer forma, seria uma excelente opção de transporte. Mas, sim, apenas para quem é de fora. Já que fica claro que a escassez de transporte público e calçadas é mais sentida pelos turistas e pelo povão. Com certeza, quem trabalha para o Governo, tem seu carro ou usa os “serviços especiais”, como ônibus exclusivos.

É aí que tenho mais certeza que Brasília foi feita para afastar a população dos políticos. Com esse trabalho todo para se movimentar, deve dar até preguiça de fazer um protesto, né?! INFELIZMENTE!

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As pistas enormes de Brasília! – foto – Tatiana Borges

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